quinta-feira, julho 25, 2013

Como os consumidores vêm as suas próprias características nos produtos que possuem.

Como os consumidores vêm as suas próprias características nos produtos que possuem.
A posse de um objecto é essencial para o processo de projecção.
Se o produto não for seu, o consumidor não se projecta, de acordo com o trabalho: 

Egocentric Categorization and Product Judgment:
Seeing Your Traits in What You Own
(and Their Opposite in What You Don’t) 
por 
Liad Weiss, Gita Venkataramani Johar
Columbia University 

quarta-feira, junho 26, 2013

Um homem feliz

Enquanto trabalhava no norte de Portugal, conheci um carteiro aposentado, proprietário de uma pequena quinta, que cultivava com as suas próprias mãos. Tinha uma expressão facial afável, desgastada pelo tempo e pelo trabalho duro sob a agrura do frio húmido que se faz sentir na região. Esboçava um sorriso tímido, de vez em quanto. Não era homem de grandes espalhafatos nem de expressões abertas. Era geralmente reservado, excepto quando já tinha ganho alguma confiança com a pessoa recém-chegada. E então gostava de falar da sua terra, aquela mesma que habitava desde o nascimento, dos seus antepassados de origem humilde e dos hábitos quotidianos. Quem apenas o ouvisse, sem estar atento aos seus actos, ficaria convencido que aquele homem não se regia por moral alguma. Nunca o ouvi falar do bem e do mal, nem de expressões julgadoras ou do dever de quem quer que seja. Era preciso estar mesmo atento ao dia-a-dia daquele Ser para o entender. Levantava-se de manhãzinha (com um frio gélido) para ir sozinho a Igreja mais próxima praticar as suas orações, confessar-se a Deus e reafirmar a sua lealdade perante o Todo-Poderoso. Depois, voltava à quinta ou, se alguém necessitasse da sua ajuda (ainda que fosse um estranho), dedicava toda a manhã ao trabalho. Não era um homem fisicamente robusto, mas vi-o muitas vezes empregar todas as suas forças para ajudar a carregar fardos pesados. Cultivava a terra com as suas próprias mãos, ou seja, sem a ajuda de aparelhos agrícolas sofisticados que hoje em dia permitem executar tarefas num piscar de olhos. A verdade é que ele gostava de mexer na terra. Mexia nos torrões como se fizessem parte do seu corpo, com o mesmo amor com que um pai acaricia os pés do filho.
A caça e a apicultura faziam também parte dos seus afazeres. Partilhava sempre com os amigos o produto destas actividades. Ainda hoje me recordo do sabor do mel e das lebres que ele me ofereceu.
Nunca o vi fazer mal a quem quer que seja, mas assisti ao perdão espontâneo que lhe saía naturalmente dos olhos quando alguém o prejudicava.
Era praticamente analfabeto, mas sabia tudo o que precisava saber. Sabia quem era e onde estava, sabedoria essa que nem todos partilhamos. Não tinha opiniões nem causas políticas, mas tinha raízes. Nunca conheci outro ser humano tão coerente.
Quando me lembro de certos senhores cheios de conhecimentos livrescos, de vaidade intelectual, de insuficiências e frustações que tentam mascarar com um “estatuto”, vêm-me à ideia aquele homem telúrico, mil vezes mais Feliz do que o mais granjeado intelectual.
Há mais verdade num homem que cultiva a terra com as suas próprias mãos do que no mais erudito discurso patriótico. Quem se orgulha dos livros que leu, baixe os olhos e reflicta se não teria mais valor uma tendinite adquirida a ajudar o próximo.

quarta-feira, abril 10, 2013

O (Des)acordo Ortográfico

Reproduzo aqui um artigo do escritor Fernando Cardoso, publicado a 4 de Outubro de 2010, na revista online Livros e Leituras. Continua tão actual como no dia em que foi escrito.

"Acordo ortográfico revelou-se mais político do que linguístico" 

 

«Às hodiernas sociedades colocam-se questões de extrema complexidade relativamente às quais é possível elencar poderosos e argutos argumentos quer a favor de uma determinada orientação quer em defesa da posição oposta. Basta ter presente os inúmeros e rigorosos debates realizados e os rios de tinta consumidos acerca de temas como o aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a eutanásia, a clonagem, o testamento vital, etc., etc…


O tema, objecto do presente artigo, é também ele genitor de enorme controvérsia. Com efeito, há quem defenda, de forma entusiasta, o Acordo Ortográfico e quem, por seu turno, o rejeite acerrimamente.


Vejamos, muito sucintamente, quais os principais argumentos invocados pelos que defendem o Acordo Ortográfico: 1º Assegurar a unidade da língua portuguesa entre todos os países que a têm como oficial com o objectivo de a fortalecer; 2.º Simplificar a escrita; 3.º Contribuir para a difusão internacional do português.


No que concerne ao 1º argumento, diremos que tal ilação é inverídica, porquanto a projecção de uma língua não depende de uma união ortográfica, mas de muitos factores. Basta ter presente que o inglês ostenta variadas divergências quer gráficas quer não-gráficas entre os países onde é falado, o que não obstou a que se tornasse, de forma natural e não espartilhada (o que esperanto, em vão, tentou) a língua internacional por excelência.


No que tange ao 2º argumento, há que convir que a utilização de duplas ou múltiplas grafias possíveis no interior de cada país, que o Acordo Ortográfico incongruentemente permite, em vez de simplificar, dá lugar ao livre arbítrio por parte de cada cidadão na escolha da grafia, pondo em causa o próprio conceito normativo de ortografia.


Direi, por outras palavras, que o Acordo Ortográfico visa a uniformidade ou unificação da grafia na língua portuguesa e, simultânea e incoerentemente, viabiliza a sua diversidade no seio de cada país.


Relativamente ao 3º argumento a favor do Acordo Ortográfico, há que reconhecer que não é a existência de divergências ortográficas que impedem a sua expansão.


Há, outrossim, que reconhecer que o gérmen do Acordo in causa revelou-se mais político do que linguístico, tendo-se manifestado interesses empresariais brasileiros, nomeadamente no domínio do mercado editorial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.


Mas uma coisa é certa: não é com a unidade da ortografia que o Brasil e os restantes países da CPLP passam a adquirir maior número de publicações a Portugal. E acresce que, com o Acordo Ortográfico, as editoras portuguesas que já se encontram numa situação de extrema fragilidade, confrontar-se-ão com as suas publicações “desactualizadas”.


Censuram os apologistas do Acordo Ortográfico que não entendem os opositores, porquanto a grafia da língua portuguesa tem evoluído. Mas tal argumento é inconsistente: na realidade, a língua portuguesa tem evoluído ao longo da sua existência, mas paulatinamente e por razões internas ― verdadeira evolução! ―, e não imposta do exterior, como ora se pretende.»

sábado, março 09, 2013

Anúncio institucional criado por Rankin


Este anúncio é extremamente eficaz. Começa por captar a atenção do público-alvo, depois cria um efeito-surpresa para - imediatamente - transmitir a mensagem de uma forma muito clara.

Aconselho vivamente o sítio do autor, com diversos trabalhos (fotografia e filme).   rankin.co.uk

sábado, fevereiro 23, 2013

Tácticas de persuasão (publicidade)


- Reciprocidade: oferecer amostras grátis pode levar a que as pessoas adquiram o produto por inteiro. Tal fenómeno baseia-se na tendência em retribuir um favor.
- Consistência: a partir do momento em que uma pessoa já decidiu o que fazer, e mantém a sua decisão, a origem motivacional pode ser alterada. Por exemplo, quando escolheu comprar um determinado automóvel, o preço pode ser alterado à última da hora, uma vez que a decisão já está tomada.
- Influência social: esta táctica divide-se em acordo, identificação e internalização.


·        Concordância – quando uma pessoa está em sintonia com as outras.


·        Identificação – respondemos à influência de alguém com fama, uma celebridade, por exemplo.


·        Interiorização – a aquisição de hábitos, normas, ideias ou valores.


- Autoridade: somos influenciados por figuras com um determinado status social (a autoridade) que lhe é conferida por uma comunidade (científica, literária, desportiva, etc).
- Empatia: somos mais influenciados por pessoas com as quais nos identificamos. Isto quer dizer que criamos empatia com alguém que reconhecidamente é parecido connosco. Atenção que a nossa auto-imagem é uma ideação, é o que pensamos de nós próprios. Como tal, para que alguém exerça influência sobre nós, por empatia, deva ter também uma boa imagem, ainda que nós não a tenhamos.
- Escassez: uma forma de influenciar o público no sentido de ir à procura de um determinado produto é convencê-lo da sua escassez. Colocar limites à oferta aumenta o valor e, por consequência, a procura. 
- Dar mais por menos: um exemplo desta táctica são as embalagens tamanho-familiar de um determinado produto. A empresa que o comercializa coloca à venda unidades com maior quantidade de produto a um preço inferior ao de duas unidades menores cujo peso conjunto seria equivalente ao da embalagem tamanho familiar. Esta táctica faz com que o consumidor sinta que está a poupar.