segunda-feira, maio 15, 2006

Breve Apreciação do Código Da Vinci

A primeira vez que eu ouvi falar no célebre livro de Dan Brown foi através de uma conhecida. O que me chamou a atenção foi a excitação e curiosidade que ela demonstrava sempre que falava na obra. Estava ansiosa que saísse a edição portuguesa. O título pareceu-me sugestivo e perguntei-lhe a razão de tal entusiasmo. «É um romance de mistério baseado em factos históricos sobre a vida de Cristo. Está a causar grande polémica. Parece que Cristo “andava” com Maria Madalena…».
Eu li na web algumas sinopses e fiquei mal impressionado. Por isso decidi que quando o livro chegasse a Portugal eu não o leria. Achei (e continuo a achar) que o senhor Dan Brown conseguiu produzir um texto altamente comercial destinado à curiosidade pornográfica das massas. Nos dias que correm há dois ingredientes que tornam uma narrativa mais apelativa do ponto de vista do grande público. O primeiro é a vida privada das figuras públicas e o segundo são as teorias de conspiração. Ora, o autor de O Código Da Vinci conseguiu reunir os dois ingredientes: a suposta vida privada de Jesus e uma enorme cabala dentro da igreja católica. O resultado foi um tremendo sucesso de vendas.
Rejeitei o livro por uma questão de higiene mental. Detesto teorias de conspiração e sinto nojo da “má pornografia” (a exploração comercial da vida privada das figuras públicas). Uma obra (escrita ou filmada) não é pornográfica por mostrar nudez ou ter um conteúdo sexual. A pornografia é um tipo de estética muito particular baseada na hipocrisia social. Trata de mostrar o que habitualmente está escondido (por "pudor”) com uma sensação de realismo. É uma espécie de peep-show onde o observador tem o poder absoluto, sobretudo para fazer juízos de valor. As “sopeiras” do nosso país são grandes pornógrafas, na medida em que são “mirones” da intimidade alheia com um medo crónico de uma possível inversão da perspectiva. O pornógrafo deleita-se espreitando os vícios dos outros e sente-se seguro por detrás da sua máscara de virtudes. Eu repudio este tipo de pornografia seja ela dirigida a uma suposta vida privada de Cristo ou à relação entre um jogador de futebol e uma apresentadora.
Para além das estratégias comerciais, o autor demonstrou pequenez de espírito ao colocar a falsa questão da vida familiar do Nazareno. Isto porque a vida de Cristo que nós conhecemos através do Novo Testamento e de alguns textos apócrifos tem valor como alegoria. Jesus, mais do que um homem, é uma mensagem. Não há acontecimentos banais porque todos os seus actos são sempre ensinamentos dirigidos a um projecto de humanidade. Ainda que Cristo tenha tido uma vida familiar com Maria Madalena, onde é que está a alegoria? E que lição podemos tirar do “facto” de Jesus ter sido pai?
O livro questiona a natureza divina de Cristo. Afirma que o Nazareno foi alguém muito importante, com grandes ensinamentos, mas terreno na sua condição. Este argumento é utilizado pelos judeus há cerca de dois mil anos. Foi precisamente esta questão que conduziu Jesus ao julgamento feito pelos fariseus e que teve como consequência a Paixão. Não sei se o facto da obra ter sido levada ao cinema por um realizador judeu (um activíssimo “defensor” de Israel da “causa judaica”, o senhor Steven Spielberg) é um produto do acaso. O que não me parece acaso nenhum é a grande quantidade de “documentários” e “documentos históricos” que tem surgido, nos últimos dez anos, procurando reduzir Cristo à condição de profeta.
Eu recordo-me da Paixão de Cristo (de Mel Gibson) quando estreou no cinema. As críticas, reivindicações e ameaças por parte da inteligentsia judaica pareciam nunca mais acabar. Uma vez que os sacerdotes judeus eram os “maus da fita”, o filme iria acicatar o anti-semitismo nas comunidades cristãs.
A realidade é que a identidade judaica é muito forte e beneficia de um paternalismo francamente exagerado. São os sobreviventes do holocausto, da inquisição, dos faraós do antigo Egipto, dos filisteus, e por aí fora… E isso dá-lhes autoridade moral para tudo. Para atentar contra a fé de muçulmanos, dominar palestinianos, controlar Hollywood, obter privilégios políticos, usar os serviços secretos (Mossad) para cometer assassinatos no mundo inteiro, torturar terroristas… e fazer uma campanha muito bem disfarçada contra as fundações da fé cristã.

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